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ESG: crescimento sustentável focado no longo prazo

Publicado em: 04 nov 2021

Em 2016, o mercado global de investimentos focados em critérios ESG representava 22,8 trilhões de dólares. Segundo a Bloomberg Professional Services[1], esse valor poderá chegar a 53 trilhões de dólares em 2025. Se confirmada a projeção, mais de um terço do total de ativos sob gestão no mundo estará focado em critérios ESG. Detalhe: a estimativa presumiu um crescimento de 15%, apenas metade do registrado nos últimos 5 anos.

No Brasil, a cultura ESG ainda é incipiente, mas vem crescendo de forma significativa em razão da influência global. Segundo levantamento[2] realizado pela Grant Thornton no segundo semestre de 2020, 89% das lideranças empresariais brasileiras reconhecem a importância das práticas ESG para os negócios. Além disso, mais de 90% entendem que elas podem melhorar a imagem da empresa no futuro e o relacionamento entre clientes e fornecedores.

O ESG tem ganhado crescente visibilidade nos últimos anos, principalmente em razão de questões climáticas[3] e da pandemia de Covid-19, que, de acordo com a KPMG[4], “escancarou os impactos da negligência ecológica, das desigualdades e dos riscos relativos à gestão temerária das empresas”. Hoje, o fenômeno ESG pode ser considerado uma das forças mais poderosas no mercado financeiro[5].

 

Mas, afinal, o que é ESG?

ESG significa Environmental, Social, and Governance (Ambiental, Social e Governança). Refere-se a práticas de sustentabilidade empresarial focadas em questões ambientais (ex.: redução da emissão de poluentes), sociais (ex.: igualdade salarial entre mulheres e homens) e de governança corporativa (ex.: transparência na apresentação de documentos aos acionistas).

A essência dos princípios ESG não é maximizar o lucro imediato, mas implementar uma conduta ética, socialmente responsável, sustentável e lucrativa, que atenda não apenas aos interesses dos acionistas, mas de todos os stakeholders[6]. Dessa forma, as empresas que adotam práticas ESG estarão mais preparadas para um crescimento sustentável e duradouro, que criará valor a longo prazo[7].

Entretanto, o ESG em si não é novo. O termo surgiu em 2004[8] e há muito mais tempo já se falava em investimento sustentável. A mudança veio dos consumidores, investidores e demais stakeholders, que perceberam que as empresas não devem ignorar as chamadas externalidades, ou seja, os seus efeitos e reflexos sociais, econômicos e ambientais. Esses agentes estão cada vez mais exigentes e dando preferência a empresas “ESG amigáveis”, o que torna a sustentabilidade empresarial fundamental para a sobrevivência das empresas.

Tendo isso em vista, a adoção de práticas ESG vai além da preocupação moral com a sociedade e o meio ambiente: o ESG se tornou um importante fator de mitigação de riscos para a competitividade no meio empresarial, sendo essencial para atender às novas demandas do mercado e manter a perenidade no longo prazo.

 

 

[1] ESG assets may hit $53 trillion by 2025, a third of global AUM. Bloomberg Professional Services, 2021. Disponível em <https://www.bloomberg.com/professional/blog/esg-assets-may-hit-53-trillion-by-2025-a-third-of-global-aum/>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[2] ESG: qual a relevância das práticas na visão das empresas brasileiras?. Grant Thornton, 2021. Disponível em <https://www.grantthornton.com.br/insights/artigos-e-publicacoes/ibr-h220—esg-qual-a-relevancia-das-praticas-na-visao-das-empresas-brasileiras/>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[3] Climate change has made ESG a force in investing. The Economist, 2019. Disponível em <https://www.economist.com/finance-and-economics/2019/12/07/climate-change-has-made-esg-a-force-in-investing>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[4] COUTINHO, André. ESG no modelo de negócio. KPMG, 2020. Disponível em <https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2020/09/esg-modelo-negocio.html>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[5] WIGGLESWORTH, Robin. ESG rush opens opportunities for betting against the angels. Financial Times, 2021. Disponível em <https://www.ft.com/content/262f2dfa-82bc-4454-96aa-bc5c38f82cdd>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[6] FRAZÃO, Ana. Capitalismo de stakeholders e investimentos ESG. Parte III. 2021. p. 2. Disponível em: < http://www.professoraanafrazao.com.br/files/publicacoes/2021-05-12-Capitalismo_de_stakeholders_e_investimentos_ESG_Consideracoes_sobre_o_tema_apos_50_anos_da_publicacao_do_artigo_seminal_de_Milton_Friedman_Parte_III.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2021.

 

[7] LIPTON, Martin; ROSENBLUM, Steven; SAVITT, William. A Framework for Management and Board of Directors Consideration of ESG and Stakeholder Governance. Harvard Law School Forum on Corporate Governance, 2020. Disponível em < https://corpgov.law.harvard.edu/2020/06/05/a-framework-for-management-and-board-of-directors-consideration-of-esg-and-stakeholder-governance/>. Acesso em 29 de setembro de 2021.

 

[8] ESG – Entenda o significado da sigla ESG (Ambiental, Social e Governança) e saiba como inserir esses princípios no dia a dia de sua empresa. Pacto Global. Disponível em < https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg >. Acesso em 29 de setembro de 2021.

João Valle Teixeira Busnardo

João iniciou sua trajetória no Direito Societário em 2019, quando foi estagiário e, depois, advogado em um escritório boutique especializado na área. Faz parte do Marins Bertoldi desde 2020. Sua...
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