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Tomando partido da primeira impressão

Publicado em: 20 jul 2016

Recentemente li um artigo de João Ozório de Melo destinado à classe jurídica (Petição exerce o efeito da primeira impressão em um processo) o qual afirma que a primeira impressão que um julgador pode ter de um processo é a que ele tem ao ler uma petição.  Melo cita afirmações de Bryan Garner, autor do livro “A Petição Ganhadora”, sobre o efeito halo ou auréola. O fenômeno estudado por Thorndike em 1920 e corroborado por investigações posteriores, ocorre quando, a partir da criação de uma primeira impressão sobre uma pessoa, tendemos a enfatizar outras características que confirmam a percepção inicial, comprometendo a avaliação realista. Por exemplo, considerar confiável ou competente uma pessoa que nos pareceu simpática no primeiro contato. No caso oposto, se as primeiras impressões não forem boas, as demais características tenderão a ser negativas. Esse efeito, em ambas as versões, é um preconceito, que se aplica a pessoas, organizações, produtos e também a processos judiciais. Melo afirma que Garner leciona redação jurídica e encontra certa resistência em seus alunos, os quais acreditam que o que o juiz precisa é de fatos, provas e sustentação jurídica — e não de uma redação que os agrade. O contra argumento do professor inclui a citação do ministro da Suprema Corte dos EUA Antonin Scalia que, quando vê uma petição escrita de forma medíocre, tem uma percepção de que o redator é um pensador medíocre. Na esfera jurídica, uma boa impressão pode resultar em uma atitude favorável do julgador que beneficia um advogado ou promotor na obtenção de uma decisão favorável.

Fatos semelhantes ocorrem em diversos contextos profissionais. Na gestão de pessoas, por exemplo, o efeito halo pode comprometer a acurácia de uma avaliação de desempenho se o avaliador seguir a tendência em interpretar os fatos de forma positiva ou negativa baseado na impressão que tem de seu subordinado. Especificamente na atividade de seleção de profissionais, consideremos os currículos e perfis em redes sociais com cunho profissional como o Linkedin, e a percepção dos selecionadores diante deles. A despeito de tudo o que já foi publicado para ajudar os profissionais a elaborarem um perfil que cause uma boa primeira impressão, ainda são frequentes os candidatos que elaboram currículos contendo incorreções gramaticais, de grafia e pontuação, equívocos quanto a nomes do destinatário, informações pouco claras ou omissas, falta de concisão, fotografias não adequadas ao objetivo profissional. Neste caso, salvo exceções em que há uma indicação, não haverá segunda chance para mostrar o seu valor através de uma entrevista. Portanto, crie as oportunidades! Faça uma revisão minuciosa do texto de seu currículo e formate-o adequadamente. Em seguida peça a pessoas de sua confiança para que também o revisem. Quando lemos várias vezes um texto deixamos passar equívocos sem perceber e uma frase que nos parece clara pode gerar dúvidas ao leitor. Só insira uma fotografia se você estiver absolutamente seguro que ela vai auxiliá-lo em seus propósitos. Todo mundo quer estar bonito da foto, mas nem sempre a que estamos mais atraentes é a mais adequada. Cuidado com fotos em poses sensuais, roupas muito informais ou que retratem situações sociais ou festivas incluindo na imagem a presença de terceiros. Tome todos os cuidados para que o documento fique impecável Feito isso, você está pronto para causar uma primeira boa impressão!

Texto produzido por Laísa Weber Prust, especialista em Recursos Humanos do Marins Bertoldi Advogados Associados, e publicado em seu blog.

Marins Bertoldi

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