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Governo anuncia segunda etapa da Reforma Tributária

Publicado em: 28 nov 2024

Por Enrique Grimberg Kohane e Gabriel Henrique Santos Nunes

O Enfoque é a tributação da renda no Brasil

Na noite da última quarta-feira (27/11/2024), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Poder Executivo enviará ao Congresso Nacional uma proposta com pacote de contenção de gastos de R$ 70 bi, com previsão da maior reforma tributária da renda já realizada no Brasil.

Segundo o Ministro, a medida integra uma segunda etapa da reforma tributária, com a reestruturação da tributação da Renda. Dentre os principais pontos que sofrerão alterações, Haddad destacou que haverá o aumento do limite de isenção do Imposto de Renda (IR).

Atualmente, a tributação da Renda por meio do IR ocorre por meio de faixas de ganhos mensais, e alíquotas progressivas. A faixa de isenção para o ano de 2024 tem o limite de ganhos mensais de R$ 2.824, com outras quatro faixas de ganhos mensais e alíquota crescente que varia de zero a 27,5%. Vejamos:

Base de cálculoAlíquotaDedução
Até R$ 2.259,20
De R$ 2.259,21 até R$ 2.826,657,5%R$ 169,44
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,0515,0%R$ 381,44
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,6822,5%R$ 662,77
Acima de R$ 4.664,6827,5%R$ 896,00

A proposta do Ministro consiste no aumento do limite da faixa de isenção para R$ 5 mil. Como medida compensatória da perda de arrecadação, o Governo propõe uma tributação mínima para pessoas físicas que recebem mensalmente mais de R$ 50 mil.

Haddad indicou também que haverá mudanças (i) na regra do salário mínimo, que ficará restrita aos parâmetros do arcabouço fiscal; (ii) no abono salarial, que será limitado a quem ganha até R$ 2640 corrigidos pela inflação, até atingir 1,5 salário mínimo; (iii) na aposentadoria militar, com a instituição de uma idade mínima e limitação na transferência de pensões; (iv) na regulamentação do teto salarial no serviço público; (v) na destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde, e crescimento abaixo do limite de gastos das emendas globais; e (vi) no aperfeiçoamento dos mecanismos de controle de fraudes e distorções.

Na manhã desta quinta-feira (28/11/2024), o Ministro apresentou mais detalhes do Pacote, informando que a reforma será conduzida por meio de Lei Complementar, e não de Emenda Constitucional, como ocorreu com a Reforma Tributária do consumo, aprovada no final de 2023.

Segundo Haddad, haverá abordagem simplificada no Pacote, que deve viabilizar a célere análise e aprovação do projeto ao longo de 2025, com previsão de vigência para 2026.

O Ministro destacou que muitos rendimentos provenientes de dividendos, juros e aluguéis hoje não são tributados. A nova legislação tem a intenção de passar a tributar essas fontes de renda sempre que, somadas, ultrapassarem o limite estipulado.

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Odair Cunha, afirmou que o projeto será enviado ao Congresso ainda em 2024, com tramitação prevista para o início do próximo ano. A partir de então, serão divulgadas mais informações sobre aquilo que Haddad definiu como “a maior reforma da renda na história do Brasil”.  O tema é de extrema relevância para os planejamentos tributários.

O Núcleo de Direito Tributário do Marins Bertoldi Advogados segue monitorando os desdobramentos do tema e se coloca à disposição para esclarecer eventuais dúvidas relacionadas, assim como para aprofundar a análise dentro de cada contexto apresentado.

Enrique Grimberg Kohane

Iniciou sua carreira na advocacia explorando diversas áreas do Direito durante seu período acadêmico. Teve estágios produtivos em dois renomados escritórios de advocacia em Curitiba, onde teve a oportunidade de...
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